Autor: Luiz Alberto Py
Editora: Rocco
"As pessoas costumam lidar de forma muito irracional com seus sentimentos e também com os sentimentos alheios. O segredo da boa convivência consiste em procurar administrar racionalmente os próprios sentimentos e, da mesma forma, enfrentar as manifestações emocionais dos outros"
"Ser feliz só é possível para quem tem uma elevada autoestima. (...) Quando você não se ama, não consegue amar os outros, pois não é possível dar o que não se tem"
"Diferente dos animais, as pessoas têm dificuldade em alcançar a felicidade. E essa diferença se origina na razão (...) A razão nos proporciona a capacidade de antever o futuro (...) Mas ao pensarmos sobre o futuro, criamos um conflito interno entre nossos desejos imediatos e nossa vontade de planejar a vida"
Para Py, uma autoestima elevada depende em grande parte se recebemos ou não amor incondicional na infância:
"(...) o amor que sinto pelos meus filhos é absoluto. Gosto deles apenas porque são meus filhos (...) Gosto incondicionalmente, ou seja, não estabeleço condições. Não é apenas quando tiram nota boa, quando são bonitos ou quando se comportam bem que gosto deles. Gosto deles sempre. Fico triste se eles não correspondem a alguma expectativa que tenho mas sei que este aborrecimento não diminui meu amor por eles. (...) Quando a criança acredita que o amor dos pais precisa ser conquistado com bons desempenhos, passa a copiar este modelo e começa também a dizer a si mesma: 'bom, eu só posso gostar de mim sé ...'(...) Quem recebeu uma educação assim terá dificuldades de desenvolver o amor por si mesmo"
Para o autor, infelizmente a grande maioria das pessoas não recebeu amor incondicional dos pais.
"Recuperar a autoestima é um processo de desmistificar os falsos valores que impõem o sucesso como condição para que uma pessoa goste de si mesma. É preciso atenção e paciência para, ao longo do tempo, recuperar a capacidade de amar a si mesmo independentemente de qualquer coisa"
"Lamentavelmente, a educação tradicional que ainda vigora em boa parte das escolas de nosso país tende a tratar os erros de forma negativa. (...) O empenho e o esforço só são premiados quando levam ao sucesso (...) desde muito cedo somos levados a ter uma postura negativa em relação a erros cometidos, tanto por nós quanto pelos outros. (...) As pessoas acabam preferindo não fazer nada e se tornam adeptos de um imobilismo que, se não impede, dificulta bastante a evolução pessoal de cada um. (...) Quando você tolera os seus erros, reforça a autoestima"
"Autoestima não é egoismo"
"A autoestima deve ser independente do que nos acontece e da opinião das pessoas em volta de nós. Ela não pode ficar vinculada a realizações e sucessos, tem que ser uma atitude interna de carinho e amizade pelo ser humano que cada um de nós é"
"Quando se vive sozinho, dois fenômenos opostos costumam ocorrer: a apatia ou a hiperatividade. As pesssoas que são afetadas pela apatia se tornam sem ânimo para trabalhar e conquistar coisas novas. (...) No polo oposto estão os workaholics, que vivem fazendo serão e pegando serviço extra para preencher o vazio do fim de semana. (...) Neste caso, as coisas são piores (...) além de afogar suas mágoas e frustrações no trabalho duro, tentam obrigar os outros a trabalhar tanto quanto eles. Portanto, acabam afastando rapidamente as pessoas próximas"
"Só vale a pena lutar por uma pessoa que esteja disposta a lutar junto com você"
Sobre pais muito controladores e/ou proibitivos:
"Costumo dizer que a verdade é tão importante e preciosa que não é qualquer um que merece conhecê-la. Mentir não é crime nem pecado. (...) Quando os pais estabelecem proibições sem debater abertamente suas razões, estão sujeitos a serem enganados pelos filhos"
"A carência se caracteriza pela dificulade em suportar a solidão. (...) A origem da carência afetiva encontra-se na isuficiência de amor original. Quando os pais não são capazes de amar seus filhos plenamente e educá-los de forma sensata, a criança não atinge o grau de autoestima de que necessitará na vida adulta"
"Para distinguir uma igreja séria de outra que estimula o fanatismo, basta observar se a atenção dos líderes religiosos está voltada para a alegria e felicidade das pessoas ou para o sexo e o dinheiro. Vale a pena lembrar também que uma boa igreja é tolerante com as diferentes crenças religiosas e não procura se impor como a única dona da verdade. Todos os caminhos conduzem a Deus e ele é bondoso e tolerante"
"O que está por detrás da timidez é o excesso de importância que o tímido se atribui: ele se sente o centro das atenções, quando na maioria das vezes ninguém está dando a mínima pelo que faz ou deixa de fazer"
"É bom deixar claro que o ciúme não provém do amor, mas da possessividade. Quando numa relação amorosa um dos parceiros sufoca o outro, isso significa que o amor não está predominando. No lugar dele estão o egoísmo, a vaidade, e o individualismo"
"A mais importante prova de amor é respeito e confiança. Quem respeita e confia não tem direito de duvidar do parceiro sem um motivo muito sério"
"Você só pode ter o que suportar perder, este é o único modo de ser verdadeiramente feliz"
"Tu te tornas para sempre responsável por quem tiveres cativado"
O pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry
"Numa relação entre dois adultos, ambos são responsáveis por TUDO o que acontece"
"Um erro grave, mas muito comum no amor, é pensar que o casal deve constituir uma entidade única, andando sempre junto e fazendo sempre as mesmas coisas. O casal é de fato uma sociedade, no sentido de que é uma associação feita com um objetivo comum. Por outro lado, a união entre homem e mulher não deve anular a individualidade de cada um"
"Amar alguém de verdade é amá-lo apesar das diferenças. Quando você ama uma pessoa porque ela é igual a você, com o mesmo tipo de vida e os mesmos interesses, você, na realidade, está tendo uma atitude narcisista, como se amasse o espelho. O escritor francês Jacques Chardonne disse uma vez: Existe um segredo para a convivência feliz com a pessoa amada: não pretenda modificá-la"
"Explodir de raiva é uma reação típica de quem está com medo de pensar"
"Trazer uma criança ao mundo é ao mesmo tempo um grande privilégio e uma enorme responsabilidade"
O autor dedica um capítulo sobre o casamento:
"Quando surgirem dificuldades, lembre-se de como foi importante conquistar a pessoa amada. Se você não esquecer o que de melhor aconteceu durante a relação, jamais permitirá que um dia ruim estrague anos de felicidade"
"Sem que você perceba, todas as células do seu corpo são substituídas gradativamente, de tal modo que, estritamente falando, você não é o mesmo com o passar dos anos. É isso o que precisa acontecer no amor: uma constante renovação"
"Ninguém é obrigado a permanecer casado para sempre. Milhares de casais, no entanto, ficam juntos a vida toda, mostrando que, embora não exista relacionamento perfeito, é possível construir um casamento duradouro e feliz. Não é a inexistência de problemas que solidifica e fortalece o amor, ao contrário, para um casamento dar certo, o casal precisa ter capacidade de superar os desafios que surgem pelo caminho"
"O casamento pode não ser para sempre, mas a paternidade e a maternidade são. Não existem ex-pais e ex-mães"
Quem é o autor?
Luiz Alberto Py nasceu no Rio de Janeiro em 1939. Formado em Psiquiatria pela UFRJ, especializou-se em Psicanálise e, há 40 anos, atende em seu consultório e ministra palestras. Assina há mais de quatro anos uma coluna semanal no jornal O Dia, chamada Mistérios da alma, onde responde as cartas dos leitores e comenta assuntos do cotidiano do ponto de vista psicológico.
